A Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas de Rio Branco (Vepma) realizou no início deste mês, entre os dias 5 e 9, um curso de formação de multiplicadores em assuntos relacionados às drogas para o acompanhamento, abordagem e tratamento de dependentes químicos e suas famílias.
Ministrado pelo terapeuta Raiol Lima e tendo como público alvo profissionais que trabalham em entidades de saúde e centros de recuperação de dependentes químicos, além da própria equipe técnica da Vepma, as aulas aconteceram no Palácio da Justiça. No total, compondo ao final uma carga horária de 40 horas aula.
Técnico em dependência química e coordenador terapêutico da Casa de Recuperação Caminho de Luz, Raiol apresentou aos participantes assuntos que foram das classificações e consequências das drogas no organismo ao novo modelo de prevenção da Secretaria Nacional Antidrogas, passando pelo uso, abuso e desenvolvimento da dependência química, incluindo abordagens terapêuticas e métodos de triagem.
Como parte das atividades, os participantes elaboraram entrevistas e encenaram peças de teatro discutindo os temas da abordagem, tratamento e recuperação de dependentes químicos. Além disso, eles também foram instados a criar miniprojetos com diferentes indicações de abordagens e tratamentos de dependentes, verificando o procedimento a ser adotado em cada caso.
Público participante
O curso contou com a participação de psicólogos, assistentes técnicos, monitores e pedagogos das comunidades terapêuticas Peniel, Giliarde, Arco-Íris, Caminho de Luz e também do Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac), do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), do Centro de Atenção Psicossocial ao Álcool e Outras Drogas (Capes AD Rio Branco) e da Associação de Pais e Amigos de Dependentes Químicos (Apadeq).
A psicóloga voluntária do setor de desintoxicação do Huerb, Mirtes Pacheco, foi uma das participantes. Ela elogiou a iniciativa da Vepma em disponibilizar o curso. “Nós lidamos com pessoas que, necessariamente, vão passar por crises de abstinência e nós temos que estar preparados para lidar bem com a questão da abordagem e do acompanhamento dessas pessoas, porque grande parte acaba desistindo do tratamento. Com esse curso, adquiri vários conhecimentos e foi muito proveitoso, pois agora irei multiplicar esse conhecimento no meu setor de trabalho e capacitar também os outros profissionais que trabalham ali comigo”, disse a psicóloga.
Também o pedagogo da equipe técnica da Vepma, Fredson Pinheiro, participou do curso. Ele enfatizou que cursos de capacitação para profissionais que lidam com dependentes químicos são de grande importância, porque ajudam a desmistificar o tema, tornando possível enxergar o dependente como ele realmente é – uma pessoa doente.
“Esse curso nos forneceu ferramentas para saber como lidar com essas pessoas, porque a droga tira a força de vontade das pessoas – a pessoa se torna literalmente um escravo – e se você não tem o conhecimento você pensa que a pessoa realmente não quer se tratar, não quer se ajudar”, destacou o profissional.
70% dos crimes estão ligados ao vício e consumo de entorpecentes Levantamento realizado recentemente pela Vepma indicou que cerca de 70% dos 4.413 processos criminais que tramitam atualmente na unidade estão relacionados a furtos e outros delitos relacionados ao vício e consumo de entorpecentes. De acordo com a juíza titular Maha Manasfi, levando em consideração essa informação, o trabalho desenvolvido pela unidade judiciária busca compreender como a natureza do vício conduz às atividades criminosas para, assim, realizar um trabalho de maior efetividade com vistas à reintegração social dos reeducandos. “Estamos estamos realizando um trabalho focado para uma justiça restaurativa, que procura levar em consideração não apenas o cometimento do crime em si, mas também as causas motivadoras, para, a partir daí, buscar mecanismos de oferecimento de oportunidades e superação desse problema. Por isso, os diversos cursos que vêm sendo oferecidos neste ano, são focados nesses objetivos e procuram trabalhar com uma metodologia diferenciada, na busca de resultados positivos para uma verdadeira reinserção social”, destaca Manasfi. |
S E R V I Ç O
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