A Vara da Violência Doméstica e Familiar da Comarca de Rio Branco realizou, na tarde dessa quinta-feira (27), uma palestra dirigida a homens que enfrentam processos na Justiça pela prática de agressões contra mulheres.
A atividade, realizada no Palácio da Justiça, Centro Cultural do Tribunal de Justiça do Acre, faz parte da programação da campanha “16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra a Mulher”, lançada pelo Tribunal de Justiça do Acre, juntamente com diversas outras instituições públicas e privadas, na última terça-feira (25).
A palestra teve como objetivo sensibilizar os autores de violência doméstica acerca das consequências de seus atos nas vidas das vítimas, que muitas vezes convivem durante anos com traumas e sequelas físicas e psicológicas das agressões – sofridas, na maior parte das vezes, em seus próprios lares.
Primeiramente, foram ouvidos os depoimentos de membros da equipe de humanização da secretaria da gestão administrativa do governo estadual, que buscou sensibilizá-los a respeito da gravidade e urgência de uma mudança de comportamento e da necessidade do autocontrole, em especial nas relações sociais.
Após o primeiro momento, a juíza titular da Vara da Violência Doméstica e Familiar, Shirlei Hage, saudou os participantes, desejando-lhes um bom aproveitamento da atividade.
A magistrada explicou que a intenção é provocar uma profunda reflexão nos autores de agressões “para que percebam o erro que estão cometendo ou que já cometeram”.
“Esse evento tem uma grande importância. Isso irá surtir efeito, porque está chegando a quem está diretamente relacionado com esse ciclo da violência, no caso, o agressor. Nós vamos também fazer uma outra atividade como essa, porém dirigida às vítimas, para lhes fornecer maneiras e mecanismos para deixarem de ser vitimizadas por esse tipo de ocorrência”.
Palestra
A primeira parte da palestra foi ministrada pela assistente social da Vara da Violência Doméstica e Familiar de Rio Branco, Luana Albuquerque, que falou sobre a Lei Maria da Penha, criada para defender os direitos das mulheres vítimas de agressão doméstica e familiar, em vigor desde 2006.
A profissional apresentou detalhes do dispositivo legal e conclamou os participantes da atividade a refletirem sobre os atos de agressão praticados e suas consequências para as vítimas.
“Nosso público geralmente vem de uma classe social menos favorecida, então, muitas vezes falta informação para eles. A gente busca orientar, esclarecer sobre a Lei Maria da Penha, falando sobre crimes que às vezes eles nem sabem, mas estão cometendo com suas filhas, irmãs, esposas”, disse.
Já a segunda parte da atividade foi ministrada pela psicóloga Melina Medeiros, que apresentou um vídeo de dramatização das mudanças ocorridas no corpo e na fisionomia de uma mulher vítima de violência doméstica, chamando novamente a atenção dos presentes para a necessidade da manutenção do autocontrole nas relações interpessoais.
A psicóloga também buscou sensibilizar os agressores acerca do fato de que, a cada ano, milhares de mulheres acabam perdendo suas próprias vidas por “acreditarem em uma possibilidade real de mudança no comportamento do parceiro”.
“A violência contra a mulher é um problema mundial que a gente tem que combater mudando a cultura, os papéis de gênero, entendendo que a violência é um comportamento aprendido e que a gente tem que lutar contra, ensinando também novos padrões de comportamento e de vivência com a família”, considerou.
Sobre a campanha
A campanha “16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra a Mulher” foi criada em 1991, por um grupo de feministas de várias nacionalidades, através da ONG internacional Center for Women´s Global Leadership (Centro Global de Liderança das Mulheres), sendo que atualmente é realizada em mais de 130 países ao redor do mundo.
A ação tem início sempre no Dia Internacional de Erradicação da Violência Contra as Mulheres (25 de novembro) e se estende até o dia 10 de dezembro, data em que é comemorado o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
No Acre, a campanha tem o apoio do Tribunal de Justiça e de diversas outras instituições públicas e privadas, engajadas na erradicação da violência praticada contra as mulheres.
As atividades acontecem simultaneamente em Rio Branco e nas Comarcas do interior do Estado.