Magistrado se aposenta voluntariamente, após 27 anos de serviços prestados no âmbito da Justiça Estadual.
Após 27 anos de relevantes serviços prestados no âmbito do Judiciário Estadual, o desembargador Adair José Longuini se despediu oficialmente do Tribunal de Justiça do Acre nesta quarta-feira (22). Ao lado de seus pares, ele participou da última atividade como membro da Corte de Justiça Acreana, em uma sessão concorrida, à qual acorreram magistrados, diretores, gerentes, assessores e não pequeno número de servidores.
Se sobraram elogios, não faltaram emoções. Se houve agradecimentos, também existiram lamentos pela saída voluntária do homem de 62 anos (poderia ficar até os 70 do ponto de vista legal), que cumpriu a sua missão, bem testemunhada por aqueles com os quais conviveu.
Pronunciamentos
Cada desembargador, a sua maneira, registrou uma impressão sobre o colega.
A desembargadora-presidente Cezarinete Angelim destacou “a destemida atuação e a dedicação” como “exemplos para os mais jovens”. Ela salientou a valorosa contribuição do desembargador Adair Longuini e o considerou “o juiz dos grandes embates”.
Cezarinete Angelim considerou que o magistrado “cumpriu plenamente o seu mister e explicitou “a gratidão deste sodalício”, desejando-lhe “plenas felicidades” e que “Deus o abençoe e o acompanhe”.
A magistrada lembrou ainda três coincidências que marcaram a data. A primeira diz respeito ao fato de que ela e Adair foram empossados como juízes na mesma turma (em 1988), portanto no mesmo dia e hora. A outra, em virtude de ter sido empossada por ele como desembargadora do Tribunal. E a última, relativa ao fato de que coube ela conduzir a solenidade de sua despedida (saída).
“É o cumprimento de uma passagem e de um período rico voltado à realização da Justiça. Agora se inicia um novo tempo e um novo caminho que, espero, seja vivenciado na sua plenitude”, frisou a desembargadora Eva Evangelista, decana da Corte de Justiça do Acre.
O desembargador Samoel Evangelista assinalou que “a sociedade do Estado deve muito, em virtude dos grandes serviços do desembargador Adair Longuini”. “Guardarei grandes lembranças, sentirei falta do companheiro de bancada, que conheci e com quem convivo há décadas, desde Cruzeiro do Sul”, completou, ao citar alguns causos.
O desembargador Pedro Ranzi felicitou o colega, reconhecendo a importância do seu trabalho, e desejando-lhe “sucesso na nova caminhada”.
Para a desembargadora Waldirene Cordeiro, “a obra do magistrado foi constantemente firme, tanto nas decisões judiciais quanto administrativas”. De acordo com ela, sua função judicante sempre foi “de conteúdo e não de capa de processo”.
Esposa de Adair Longuini, a desembargadora Regina Ferrari citou o trecho bíblico do livro de Eclesiastes (capítulo 3), segundo o qual “há um tempo para todas as coisas debaixo do céu”. “Há a alegria da chegada e também a saudade da partida; um dia se chega e, no outro, se vai”, parafraseou, antes de destacar que o desembargador “cumpriu o seu dever e combateu o bom combate”.
Já o desembargador Laudivon Nogueira enalteceu “a fidalguia, o procedimento exemplar no campo pessoal e profissional e habilidade de sempre apontar uma saída para problemas os mais diversos”, como características do colega.
“Há que se mencionar todo o seu empenho, inovação e dinamismo. Uma instituição é construída de vários tijolos e muitos deles o senhor colocou. Vestiu com afinco a camisa apertada da Justiça para hoje dela se despir”, ressaltou o desembargador Júnior Alberto.
Para o representante do Ministério Público Estadual, Cosmo de Souza, “a aposentadoria está bem paga e justificada”.
Fala do homenageado
Ao discorrer sobre os episódios mais marcantes de sua trajetória, inclusive as dificuldades do começo, como advogado e, depois, quando juiz da Comarca de Xapuri (julgou o caso Chico Mendes), Adair Longuini considerou a homenagem dos colegas “especial” e disse ter “sido traído pela emoção”.
Ao falar sobre um livro, ele citou trecho em que um personagem monge, ao qual foi feita a pergunta: “qual o seu maior aprendizado nesta vida?”, responde “a consciência de que é preciso sempre e sempre começar de novo, seguir um novo caminho, um recomeço”.
Conforme o desembargador, sua vida assume agora justamente a perspectiva de um recomeço, um novo ciclo, que será marcado por novas experiências, novos momentos, mas com a mesma determinação que sempre o acompanhou. “Não vou pendurar as chuteiras”, brinca. “Dei o melhor de mim, honrei a toga e saio daqui muito feliz”, finalizou Adair Longuini.
Após os pronunciamentos, a presidente do TJAC entregou às mãos do colega uma placa de homenagem, pelo trabalho e relevantes serviços prestados ao longo dos anos, que engrandecem o Judiciário Acreano.
Os membros da Corte, em seguida, posaram para um registro fotográfico, que marcou o último momento do colega como membro do Tribunal.
As fotos incluíram também servidores do gabinete e outros profissionais com os quais o magistrado trabalhou.