A atual gestão vai realizar Curso de Libras, promover a inclusão social e melhorar o acesso dos espaços físicos e a qualidade dos serviços oferecidos.
Quem conhece Edivânio Silva Barbosa e o vê sorrindo, não imagina que ele passou 14 anos em depressão, a maior parte deles sem ao menos sair de casa. Com apenas 13 anos, sofreu um acidente em uma marcenaria de Rio Branco, perdeu todos os movimentos do corpo e ficou tetraplégico. “Passou por nove médicos do Sarah Kubitschek” – maior hospital de reabilitação do Brasil – e o diagnóstico foi o mesmo: “não tem mais jeito, nunca mais vai se recuperar”.
Hoje, Edivânio, com 34 anos, é presidente do Centro de Apoio à Pessoa com Deficiência Física do Acre (Capedac), ajuda outras pessoas com o mesmo problema e revela qual é o seu sonho: “tirar cadeirantes de dentro de casa e da depressão”. Exemplo de superação e com muita força de vontade, ele já foi três vezes campeão acreano de bocha adaptada e uma campeão da Região Norte.
O que o Tribunal de Justiça do Acre tem a ver com isso? Tudo! A atual gestão convidou o Capedac para ouvir suas necessidades, conhecer de perto a sua realidade e, principalmente, manifestar o que pensa sobre o tema.
“A maior deficiência é a insensibilidade. Queremos ouvi-los, dando-lhes o merecido acolhimento e importância, e dizer que vamos fazer valer a Lei de Acessibilidade, e que atuamos com um olhar mais humano, de inclusão social”, disse a desembargadora-presidente Cezarinete Angelim.
“É a primeira vez que somos convidados por uma instituição no Acre, pois geralmente temos de correr atrás e agendar, é sempre uma dificuldade”, frisou Edivânio, emocionado.
Além dos integrantes do Capedac, participaram do encontro a juíza-auxiliar da Presidência, Mirla Regina, diretores, assessores e secretários do Tribunal, bem como Dilaina Costa, representando na ocasião o Conselho Estadual das Pessoas com Deficiência (Comede).
O cadeirante José Aurismar (o Mazinho) assinalou que “nunca foi tão bem recebido”, destacando qual o seu objetivo. “O que queremos é o que o Tribunal está fazendo hoje, nos tratando de igual para igual, nos dando essa atenção. Temos metas, objetivos, família, e o que buscamos é a oportunidade de crescer, de nos realizar socialmente”, disse.
O que o Tribunal vai fazer
A desembargadora Cezarinete Angelim informou que o Tribunal de Justiça vai garantir maior acessibilidade das pessoas com deficiência em vários aspectos. “Isso vai muito além de assegurar vagas no estacionamento, o que já fazemos. Trata-se na verdade de tornar a Instituição mais acessível em relação aos seus espaços físicos, estrutura e aos serviços oferecidos”, explicou. “Queremos proporcionar a independência da pessoa com deficiência em seu deslocamento e na interação com os serviços judiciais e administrativos prestados à sociedade”.
“Aqui percebemos que pessoas estão sendo tratadas como pessoas, com total respeito a sua dignidade. Hoje temos sete entidades que representam os diversos tipos de deficiência. Estamos crescendo, por isso só temos que agradecer por esta parceria, que nos fortalece”, explicou a representante do Comede.
A desembargadora-presidente colocou toda a sua equipe à disposição do Capedac, e anunciou que já no próximo mês de abril será oferecido Curso de Libras (linguagem de sinais) – algo inédito na história do Judiciário Estadual -, voltado aos servidores (e magistrados). O objetivo é a sensibilização e a capacitação das equipes de trabalho para que venham proporcionar o atendimento adequado. Cezarinete Angelim também declarou que será produzida uma cartilha com informações relevantes, como orientações, direitos e deveres – atendendo a um pedido dos integrantes do Centro.
Edivânio Barbosa, Mazinho, João Paulo, Manoel de Jesus e Alexsandro Bezerra também solicitaram a oportunidade de ministrar palestras sobre as dificuldades que enfrentam no dia a dia e também de cunho motivacional – no que foram prontamente atendidos pela presidente do TJAC.
A Diretoria de Informação Institucional, por meio da Gerência de Acervos (Geace), dará todo apoio a essa ação, com o trabalho desenvolvido pela servidora Ana Lúcia.
De acordo com o último recenseamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que 14,5% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência. Ainda conforme o IBGE, no caso do Acre, para uma população de pouco mais de 700 mil pessoas, há pelo menos 165 mil pessoas com deficiência.