Depois de viver em casas de acolhimento no Rio de Janeiro e em Rio Branco, e prestes a fazer 18 anos, ele vai morar com irmã.
A história de um adolescente marcada pelo drama de não ter vivido grande parte de sua vida com os familiares, e a falta de expectativa prestes a completar dezoito anos e não ter onde morar, passa a ter um capítulo surpreendente às vésperas de Natal.
No Acre, morando no abrigo Casa do Sol Nascente, o mês de dezembro foi de angústia, mas há poucos dias das celebrações de fim de ano, exatamente no último dia 23, tudo mudou na vida do adolescente, que vamos chamar pelo nome fictício de João.
Com a autorização para viajar, dada pelo Juiz de Direito, titular da 2ª Vara da Infância e Adolescência, José Wagner, o adolescente conseguiu chegar em São Paulo e passar o Natal com as irmãs que não conhecia, com apoio da Prefeitura de Rio Branco, por meio do gabinete da prefeita e da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos.
O caso foi acompanhado de perto pela Coordenadoria da Infância e da Juventude, coordenada pela desembargadora Regina Ferrari. Para a assistente social do abrigo, Ana Lúcia Gonçalves Ferreira, o desfecho dessa história é um verdadeiro presente de Natal.
“Estávamos muito apreensivos por ele não tem maturidade para seguir a vida sozinho, e ele teria de sair do abrigo final de janeiro. Era um futuro muito incerto. Ter encontrado as irmãs foi maravilhoso, nos deixou mais tranquilos ao saber que terá uma família que dará suporte”, disse.
A história
Ainda criança, João morava no Paraná com os pais e o irmão, mas quando a mãe faleceu eles foram para o Rio de Janeiro. Logo depois, o pai também faleceu e os dois foram parar em um abrigo.
As redes sociais foram usadas para divulgarem sobre as duas crianças que procuravam por seus familiares, e uma tia que reside em Rio Branco fez contato e requereu a guarda dos dois.
Depois de um tempo, por motivos que não podem ser divulgados, os irmãos foram entregues pela tia ao Conselho Tutelar. O fato do irmão de João já estar na adolescência fez com que fossem colocados no abrigo Casa de Sol Nascente, para que não ficassem separados.
Infelizmente o irmão de João se evadiu do abrigo. Ele então foi levado para o Educandário Santa Margarida, onde ficou até completar 12 anos, e depois teve de retornar para o abrigo anterior, de onde também se evadiu por um período, mas em novembro do ano passado retornou pedindo ajuda para se livrar do vício em drogas.
Desde então, João ficou no abrigo e conseguiu fazer os provões e concluir até a 5ª série, também fez alguns cursos profissionalizantes. No final de janeiro ele completa 18 anos e teria de se mudar do abrigo.
Padrinhos cariocas
No período que ficaram no Rio de Janeiro, o pai e os garotos tiveram ajuda de um casal carioca, que possibilitou que construíssem um barraco embaixo do viaduto onde moravam.
Depois que foram para o abrigo, os irmãos continuaram tendo ajuda do casal, que agiam como “Padrinhos”, os visitando e ajudando com doações. Foi exatamente esse casal o responsável em mediar o contato das irmãs (maternas) com João.
Quando elas tomaram conhecimento que tinham dois irmãos, começaram a procura-los. O casal viu a reportagem com as duas mulheres e pelo sobrenome imaginaram que fossem a família dos dois garotos.
O contato com o abrigo em Rio Branco iniciou em agosto desse ano, e depois de todo um processo necessário de preparação para o grande encontro, e mediante relatório do Conselho Tutelar, a Justiça Acreana autorizou que João ficasse com as irmãs.
Ele viajou para São Paulo onde as duas o esperavam para celebrarem o Natal. Agora viaja para Bahia, onde uma delas mora, para a passagem de ano. E depois a família decidirá em conjunto, com qual irmã ele irá morar. E uma coisa é certa, essa é a possibilidade de um novo caminho na vida do adolescente.