Psicóloga do TJAC fala sobre atitudes positivas diante de isolamento social necessário, para evitar contágios pela Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus
Tempos de pandemia, recomendações de isolamento social e recolhimento domiciliar necessário destacam a importância dos lares na segurança, refúgio e possibilidade de desenvolvimento de indivíduos e famílias, mesmo diante de momentos históricos de crise.
É nos lares que muitas vezes encontramos a estabilidade e as forças necessárias para superar momentos incertos ou difíceis.
Mas como manter a saúde mental quando segurança e conforto também se confundem com confinamento? Quando as horas parecem não ter mais fim ou, ainda, quando a casa parece pequena diante energia das crianças?
Em entrevista ao Boletim TJ Acre, a psicóloga do Centro Médico do TJAC, Josineia Costa, falou sobre como lidar com sentimentos como ansiedade e angústia, característicos em tempos de crise.
“O isolamento social pode, sim, gerar prejuízos psicológicos, prejuízos emocionais, na saúde mental. Então, é necessário dar uma atenção especial a isso, pra que, em vista a prejuízos já na saúde, por conta desse contágio, dessa pandemia, as pessoas estejam atentas também à sua saúde emocional.”
“Isso porque as rotinas foram quebradas de forma brusca”, explicou.
“Além de tudo, esse isolamento do contato físico, que gera muito medo, muita ansiedade. Pânico, às vezes, por tantas notícias ruins. É necessária uma readaptação, inclusão de novas atividades, que as pessoas se protejam na sua parte emocional. É tempo de se fortalecer, incluir novas rotinas pra esse momento de crise”, disse.
A profissional também forneceu pistas importantes que permitem identificar sintomas de comprometimento na saúde emocional dos indivíduos.
“Os principais sintomas que demonstram prejuízo de ordem emocional e psicológica são a busca excessiva por notícias, principalmente as notícias mais sensacionalistas, as piores, digamos assim. A pessoa não consegue se desligar, desligar o pensamento. Fica revivendo o tempo todo situações, lembrando, pensando. Não consegue se desligar. Tem distúrbio do sono. À noite não conseguem mais dormir ou tem dificuldade pra dormir. Tem dificuldade para se alimentar ou se alimenta excessivamente, fora dos horários. Irritabilidade. Ansiedade generalizada. Não consegue ficar parado, fica agitado, ansioso.”
“Esses são alguns dos sintomas que já precisam de cuidados e de atenção redobrada”, ressaltou.
Orientações às famílias: atenção às crianças e idosos
Josineia Costa assinalou que “a orientação, em relação às crianças, é tornar o novo momento um momento muito lúdico. Na internet, na TV há vários assuntos e programas que podem entreter as crianças. Assim como você também pode desenvolver, em casa, atividades, como pinturas, desenhos, os brinquedos. As crianças têm uma forma de readaptação mais fácil, elas brincando, tendo um tempo de qualidade, brincadeiras, num espaço lúdico e alternativo, vão conseguir se readaptar mais fácil”.
“Quanto aos idosos, é necessário que eles tenham uma compreensão realmente exata do que está acontecendo. Alguns idosos têm rotinas e a quebra dessas rotinas para eles tem alguns prejuízos muito grandes. Então há necessidade de readaptá-los também a novas formas de vida, integração, mesmo dentro do lar. Fornecer subsídios, como leituras. Ele quer caminhar? Faz uma caminhada com ele dentro do quintal. Que ele assista aos programas mais interessantes, que faça alguma atividade na internet também com vídeos, com programas. Enfim, tem vários subsídios, em casa, para que o idoso também consiga se conter nesse momento de readaptação social, readaptação emocional. E de fortalecimento. Que eles possam também fortalecer a imunidade, porque com a preocupação, com o medo, a imunidade vai baixar. Então, é essencial que eles consigam fazer novas rotinas, que tenham também atividades alternativas para esses momentos que vão ficar em casa”, comentou Josinéia Costa.
“Um momento de se fortalecer e de se readaptar”
No bate papo, que também pode ser conferido no Instagram do TJAC a psicóloga destacou que esse “é um momento de se fortalecer e de se readaptar e (que), às vezes, esse fortalecimento é evitar notícias ruins, fake news, assistir excessivamente a noticiários ruins, porque isso afeta nossa imunidade”.
“Muita preocupação, muita ansiedade, muito pânico, isso vai baixar a nossa imunidade. Tudo que queremos agora é manter a nossa saúde física e mental. Então, se você pode ter atividades alternativas, tanto na TV quanto em casa, reaprender a viver, ter uma nova rotina de vida, pelo menos momentaneamente, tudo aquilo que vem para acalmar, que vem para te beneficiar, para uma noite de sono melhor, tranquila, revitalizadora, é válido. Se ler um livro te acalma, então, leia. Se orar te acalma, então, viva a sua espiritualidade. Se meditar te acalma, então, medite. Faça atividades que te deem prazer: escutar uma música, se desligar um pouco das notícias. É tempo para cuidar de si mesmo. Esse isolamento social, fora do contato físico, é uma ordem para cuidar de si mesmo. Então, se cuide, se preserve e juntos vamos vencer essa batalha.”
A íntegra da entrevista com a psicóloga Josinéia Costa você confere clicando no player abaixo.