Desde março de 2020, o trabalho remoto passou a ser a solução viável, para que os atendimentos e serviços jurisdicionais não sejam interrompidos.
A pandemia do novo coronavírus mudou os hábitos e o ritmo de vida de milhões de pessoas, e porque não dizer do planeta, e isso não é novidade. Assim, o home office, ou trabalho remoto, se consolidou como modelo de laboração, e passou a ser a solução viável para a manutenção das atividades de instituições privadas ou públicas.
No Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), não foi diferente. Desde meados de março de 2020, o home office foi a solução para os atendimentos e serviços judiciários do Acre, que passaram a ser realizados à distância para evitar ou diminuir o nível de risco de contaminação da COVID-19 nas Comarcas do Estado.
No dia 12 de maio de 2021, a presidente do TJAC, desembargadora Waldirene Cordeiro, seguindo orientações da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), assinou a Portaria Nº 1137/2021, que reduz a classificação de risco da COVID-19, para bandeira Amarela (Atenção). Assim, foi prorrogado o plantão extraordinário e somente atos processuais urgentes são realizados presencialmente, com quantitativo de até 30% da força de trabalho. Entretanto, os atendimentos em todas as unidades judiciárias do Acre continuam sendo feitos por WhatsApp, telefone, email e agora, o Balcão Virtual.
Para acessar a lista com os contatos e os links das salas virtuais, basta clicar no banner na página inicial do site do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) e buscar a vara ou juizado no qual deseja atendimento.
Mas para aprimorar ainda mas essa nova realidade, a Escola do Poder Judiciário (Esjud) está com o curso “Gestão da Produção em Home Office” em andamento. O curso tem carga horária de 30 horas/aula, e encerra no 18 de junho. O público-alvo prioritário são os magistrados; já o público-alvo remanescente são os diretores de Secretaria, gestores e servidores em teletrabalho. A modalidade do curso são encontros síncronos pela plataforma Google Meet e assíncronos no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Esjud.
Enquanto não há o retorno presencial do quadro completo de magistrados, servidores e colaboradores do judiciário acreano, o trabalho remoto continua nesse período, mantendo os serviços em funcionamento, e as opiniões são diversas sobre as vantagens e desvantagens desse formato.
Os desafios segundo os servidores
Para Ana Luisa Braga, analista judiciária do 3º Juizado Especial Cível, da Comarca de Rio Branco, entre os pontos positivos estão a maior flexibilidade no horário de trabalho, não perder tempo em trânsito, o que permite ter mais tempo para cuidar da família e da casa, além de poder trabalhar com roupas mais confortáveis.
Já entre os pontos negativos estão o aumento do gasto de energia elétrica, a tendência ao isolamento social e a falta de contato físico com gestores e colegas para troca de ideias, que considera importante para desenvolvimento do trabalho. Contudo, ela considera o trabalho remoto positivo, pois “apesar dos pesares, considero o home office mais bom do que ruim e que, com o passar do tempo, deveria ficar de vez, pois consigo bater minha meta diária em menos tempo e assim tenho mais qualidade de vida”, conclui.
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Já para Aline Queiroz Assis, assessora do juiz do 2º Juizado Especial Cível da Comarca de Rio Branco, destaca que as vantagens do home office proporcionam uma melhor concentração e mais produtividade. Em contrapartida, a todo momento pode ser surpreendida com uma demanda, mesmo depois do expediente, e a impressão de que não existe mais horário comercial, já que tudo vem sendo tratado por WhatsApp, o que não ocorria no trabalho presencial. Além do fato de trabalhar no fim de semana para adiantar a demanda da semana.
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Na Comarca de Tarauacá, a Diretora de Secretaria da Vara Criminal, Maria José de Oliveira Leão, mais conhecida como Bia, relata que entre os ganhos de trabalhar em casa é que permite ficar mais à vontade e mais próxima da família. Bem como o aumento de produtividade nas demandas, pois na modalidade presencial, passava mais tempo no atendimento ao público, sobrando pouco tempo para os serviços internos do setor.
Para ela, a parte inconveniente do trabalho remoto é que nem sempre para na hora que encerra o expediente, muitas vezes fica algumas horas a mais. Já no presencial havia um horário certo para entrar, intervalo para almoço e encerrar expediente. Destaca ainda que a demanda de trabalho aumentou bastante. Sobre a adaptação, Bia conta que foi fácil. Servidora do judiciário há 26 anos, diz que praticamente todo esse tempo trabalhou em tempo integral, assim passava muito tempo fora de casa, e agora, tem mais disponibilidade e disposição para trabalhar no período que mais gosta, o noturno.
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Aumento de demandas para tecnologia
Desde março de 2020, a Diretoria de Tecnologia da Informação (DITEC) fez uma readequação na infraestrutura para atender a demanda que cresceu aproximadamente 40% em serviços, como por exemplo, o acesso a VPN (sigla em inglês para Rede Privada Virtual) e a segurança no acesso à internet.
Em 2019, a DITEC teve uma média de 9 mil atendimentos, em 2020, esse número deu um salto para 14 mil atendimentos.
Para o diretor da DITEC Raimundo José Rodrigues, o desafio foi “manter um suporte ao usuário que trabalha da mesma forma que trabalhava presencialmente nas dependências do TJAC, mas que agora está trabalhando de casa”. O diretor aponta ainda que outra dificuldade enfrentada é que o home office proporcionou maior flexibilidade de horário aos servidores, entretanto para DITEC a demanda aumentou consideravelmente, pois os atendimentos passaram a ser praticamente 24 horas por dia.
Ações da Presidência
A Presidência do TJAC trabalhou para manter a estrutura para que o servidor tenha as condições necessárias para não interromper os atendimentos e serviços judiciários em geral. Assim, disponibilizou computadores e notebooks do TJAC para o servidor utilizar em casa, de forma que o fluxo dos trabalhos jurisdicionais não seja paralisado.
Em março de 2020, a Presidência do TJAC elaborou um Questionário de Avaliação do Home Office, destinado ao público interno do TJAC, em que aborda as mudanças submetidas devido a pandemia, com a finalidade de conhecer o servidor que se encontra nessa modalidade de trabalho.
Durante o processo do questionário, a Presidência do TJAC discutiu sobre ações e questões para avaliar o perfil do servidor, gestão do tempo, organização para o trabalho, saúde, ergonomia e qualidade de vida.
Dicas de como trabalhar em home office:
A Diretoria de Gestão de Pessoas (DIPES) oferece 13 dicas de como trabalhar em home office, para o melhor desenvolvimento das atividades:
1. Estabeleça um horário para começar
2. Tenha uma mesa fixa para trabalhar sem distrações
3. Deixe claro que você está trabalhando
4. Cuidado com a postura e alongue-se periodicamente
5. Use música para se concentrar
6. Reserve alguns momentos para distrações
7. Atividades físicas ajudam muito
8. Alimente-se bem e beba água
9. Use agenda e lista de tarefas
10. Iluminação, organização e limpeza são importantes
11. Tenha um plano B se faltar energia ou internet
12. Divida tarefas grandes em pequenas
13. Não se cobre demais por produtividade