O projeto Colheitas contribuirá com o tratamento de jovens e adultos, usuários de substâncias psicoativas
Nesta sexta-feira, 26, ocorreu à inauguração da granja instalada na Associação de Parentes e Amigos dos Dependentes Químicos (Apadeq) de Cruzeiro do Sul. O projeto Colheitas foi contemplado com R$ 33.434,00, recurso proveniente de penas pecuniárias da Vara Única de Assis Brasil.
Participaram da inauguração a juíza-auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça do Acre, Andrea Brito, o titular da Vara de Delitos e Organizações Criminosas Robson Aleixo, a assessora Regiane Verçosa, representando a desembargadora Eva Evangelista, o prefeito de Cruzeiro do Sul Zequinha Lima, o vice-prefeito Henrique Afonso e o procurador do município Raphael Sanson.
Na solenidade, o presidente da Apadeq Raimundo Felício afirmou que a construção do galpão se iniciou em outubro deste ano e, inicialmente, cinco internos estão envolvidos com o trabalho da granja. Foram adquiridas 150 galinhas caipiras, que tem a produção diária de aproximadamente 80 dúzias de ovos.
“Esse é um projeto promissor, porque a renda vai auxiliar na manutenção da nossa instituição e a produção também vai atender ao consumo interno da alimentação dos pacientes”, explicou Branco, como é conhecido o presidente da Apadeq.
A Apadeq funciona há 22 anos em Cruzeiro do Sul e atende pessoas de 18 a 70 anos de idade de toda a regional do Juruá. Atualmente, há 26 internos. Branco enfatizou que grande dos pacientes são pessoas enviadas pelo Poder Judiciário, principalmente do sistema prisional e socioeducativo, “e o nosso trabalho é que eles se tornem aptos ao convívio social”.
As penas pecuniárias representa o montante pago em multas e dias-multa estabelecidas em sentenças criminais. Com esse recurso, repassado ao projeto, também foi comprado um fogão, um bebedouro, uma roçadeira, o quantitativo de milho para alimentar as aves por quatro meses e alimentos para os internos.
Investindo na recuperação de pessoas
A juíza Andrea Brito destacou que o sistema carcerário tem uma predominância de crimes relacionados às drogas. “Eu atuei por vários anos nessa Comarca e a Apadeq sempre foi muito presente nesta comunidade. Eles têm a missão de ofertar a possibilidade de recuperação e ressocialização das pessoas”, disse.
Deste modo, o tratamento para a dependência química tem uma relação de transversalidade com a demanda criminal do Acre. Portanto, o desenvolvimento de projetos que auxiliem na mudança dessa realidade simboliza investimento na redução da violência para toda a sociedade.
Para tanto, a magistrada assinalou que o combate ao narcotráfico ocorre em duas vertentes: na oferta, em que é atacada a apreensão do quantitativo de drogas que circula no país “e no caso do Acre, enfatizando a questão da tríplice fronteira, que precisa do fortalecimento das forças policiais”.
E na redução da demanda: os consumidores que são os usuários de drogas. “Precisamos de políticas muito claras para a redução do quantitativo de dependentes. Trata-se de pessoas doentes, que necessitam desse olhar humanizado, pois as pessoas que estão na linha da pobreza ou abaixo dela e são dependentes químicos terminam por enveredar no crime para manter o vício, assim cometendo crimes como roubo, furtos e se envolvendo com facções criminosas”, contextualizou Brito.
Portanto, é uma meta do Judiciário acreano que a justiça criminal se aproxime da justiça social.