A retomada desse trabalho deu-se de maneira remota com a formação de pequenos grupos. Durante a pandemia o atendimento ocorreu de maneira individualizada através do telefone e de recursos como o WhatsApp.
Nesta sexta-feira, 25, a Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas retomou o trabalho com os cumpridores de processos sobre Violência Doméstica e Familiar, no regime aberto. A retomada desse trabalho deu-se de maneira remota com a formação de pequenos grupos. Durante a pandemia o atendimento ocorreu de maneira individualizada através do telefone e de recursos como o WhatsApp.
O encontro contou com a presença da juíza titular da vara, Andrea Brito, que pontuou a importância do procedimento. “Segundo os ensinamentos do professor Adriano Beiras, importância é desvincular a ideia de violência da identidade masculina. Falar homem autor de violência (HAV) é dizer que se cometeu um ato. Este ato não está preso à sua identidade e pode ser separado dela” disse a juíza.
Para a magistrada, as masculinidades acabam se constituindo a partir de alguns vetores importantes que são construídos socialmente: vetores como prover um lar, trabalho, paternidade e, também, a violência.
“Em nossa sociedade, há uma construção social que sugere que ‘quanto mais violência eu exerço, mais masculino eu pareço socialmente.’ Isso acaba por vincular a identidade masculina à violência, mas que outras expressões de masculinidade podemos ter socialmente? Pensar em Homens Autores de Violência é trabalhar na responsabilização de seus atos e nas possibilidades de encontrar outras formas de solucionar conflitos que não seja de forma violenta.”, registrou a magistrada no grupo que foi conduzido pelos facilitadores da Justiça Restaurativa, Mirlene Taumaturgo e Fredson Pinheiro.
Os encontros fomentam um diálogo educativo/participativo com objetivo de proporcionar: reflexão, conscientização, responsabilidade; com perspectiva em gerar mudança de comportamento, desmistificar o machismo e construir junto a esses autores multiplicadores da paz.
A metodologia adotada traz uma das práticas restaurativas, através de um Círculo de Construção de Paz, que é o Círculo de Fala ou Diálogo. Os/as participantes exploram um assunto ou tópico de diferentes perspectivas. Não é necessário se chegar a um consenso sobre o assunto. Ao contrário, esse tipo de círculo permite que todas as vozes sejam respeitosamente ouvidas e oferece aos participantes diversas perspectivas a fim de estimular reflexões.
Os encontros ocorrerão semanais com um número pré-definido e com temas que abranjam desde o machismo, as questões de gênero e questões que refletem e resultam na violência doméstica e familiar.