A desembargadora Waldirene Cordeiro recebeu a Medalha da Mulher Acreana – heroína Angelina Gonçalves, por sua atuação na Justiça acreana
“Mulher só precisa de respeito, porque os direitos são iguais”, disse a presidente do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), desembargadora Waldirene Cordeiro, durante homenagem do Corpo de Bombeiros do Acre, em que recebeu a Medalha da Mulher Acreana – heroína Angelina Gonçalves, na terça-feira, 8, em alusão ao Dia Internacional da Mulher.
A cerimônia ocorreu no Memorial dos Autonomistas e homenageou 60 mulheres de diversos setores da sociedade acreana por suas atuações. Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros do Acre, coronel Batista, essa foi uma forma que a instituição escolheu para prestar tal reconhecimento.
“É uma oportunidade ímpar ter a honra de entregar essa singela homenagem a mulheres acreanas que tanto fazem pelo nosso estado. Desde os primórdios a mulher tem lutado para garantir seu espaço e elas têm nos dado exemplos de profissionalismo e competência. Percebemos quão importante é o seu papel no mundo e é justo que se faça tal reconhecimento”, disse o comandante.
A presidente do TJAC, desembargadora Waldirene Cordeiro, agradeceu a homenagem, dizendo que recebe a honraria em nome de todas as magistradas e servidoras do Judiciário do Acre. Ela também fez questão de ressaltar que sua participação na solenidade não é apenas como presidente do Tribunal, mas como cidadã brasileira, acreana, e lamentou que em uma data como esta, a realidade ainda é de muitas atrocidades que vivem as mulheres no país.
“Estou vestida de cor vermelha, pela campanha Sinal Vermelho. Essa é uma data marcante para a magistratura brasileira, em que as mulheres se vestem de vermelho nessa simbologia de uma campanha que busca combater à violência contra a mulher. Nossa luta é diária, e lutemos pelo nosso respeito e reconhecimento. Mulher só precisa de respeito, porque os direitos são iguais”, ressaltou a desembargadora.
A medalha
Durante a solenidade, foi contada um pouco da história da personagem que dá nome a medalha. Angelina Gonçalves, segundo documentos e relatos levantados pela equipe do Corpo de Bombeiros, marca sua história em um dos episódios da Revolução Acreana.
Logo após o primeiro combate do seringal Volta da Empreza, ocorrida em 18 de setembro de 1902 em Rio Branco, vencido pelos soldados bolivianos, consta na historiografia que as moradias de todos os que habitavam o povoado foram invadidas na busca pelos revolucionários fugidos.
E, numa pequena casa do lugar conhecido como Forte de Veneza, onde hoje se encontra o bairro Cidade Nova, os soldados bolivianos entraram atirando e vitimando fatalmente um homem enfermo.
Ao ver seu marido covardemente assassinado, Angelina tomou a arma de um dos soldados e disparou contra eles no exato momento que entrava na casa o comandante boliviano coronel Rojas, atingindo-o no ombro. Ao ver seu chefe atingido, os soldados bolivianos voaram sobre Angelina, querendo trucidá-la imediatamente. Ao que se ouviu a voz do comandante ferido, que ordenava: “Libertem-na. Mulheres assim não se matam. Se o exército acreano tiver dez homens tão corajosos como essa mulher, já perdemos a guerra”.
Historiadores brasileiros se encarregaram de tornar Angelina uma heroína da revolução. Havendo ainda outros relatos, ela se tornou uma feroz combatente, chegando a fazer com que o coronel Plácido de Castro tivesse muito trabalho para contê-la e impedir que estivesse sempre à frente dos combates que se seguiram.
De uma forma ou de outra, a história de Angelina Gonçalves é importante por revelar a participação de diversas mulheres na Guerra do Acre.
Fotos: Secom/Acre