Na quinta-feira, 1, o TJAC junto com instituições parceiras disponibilizou atendimentos para população que mora distante da cidade e tem mais dificuldade de acessar serviços públicos
Entre tantas palavras, como, emoção, aproximação, justiça, acessibilidade e outras que podem ser usadas para traduzir aspectos do Projeto Cidadão do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), a que está em seu nome, cidadania, representa esta edição realizada, na quinta-feira, 1° de setembro, na Escola José Joaquim de Matos, acessada pelo Ramal do Toco Preto ou pelo Ramal Mário Lobão, na zona rural de Sena Madureira.
Para chegar ao local pelo Ramal do Toco Preto são 38 quilômetros (km) sentido Sena à Rio Branco e depois dentro do Ramal mais 21km, sempre pegando a direita em toda bifurcação do caminho. A estrada é de terra batida, na cor laranja, cercado por áreas de mata, revelando a exuberância das árvores amazônicas. Quem olha superficialmente, pensa que é tudo verde, lembra o apelido dado há anos atrás dos pelos árabes que migraram para o Acre, “deserto verde”, mas se você olha um pouquinho mais, percebe as nuances, troncos brancos, flores vermelhas, brancas, tons de pretos marrons e aqui e ali um ipê rosa, amarelo e até branco, dando as floradas nesta época, de clima seco e altas temperaturas, agravadas pela fumaça das queimadas.
O atendimento nesse local está de acordo com a política da gestão administrativa do Judiciário acreano, liderada pela desembargadora Waldirene Cordeiro. A presidente do TJAC junto com a vice-presidência e a Corregedoria-Geral da Justiça (Coger) realizam trabalhos em busca da melhoria dos serviços para promoção de direitos e ainda realizam ações sociais e de sustentabilidade que visam mudar comportamentos individuais e também institucionais. Afinal, ações nessa área são essenciais para chamar atenção para o aumento dos índices de contaminação, desmatamento e as queimadas, que afetam a vida de todos.
Para a desembargadora Eva Evangelista, coordenadora do Projeto Cidadão, as edições deste trabalho humanitário trazem todas essas lições, mas deixa, especialmente, a mensagem de cuidado com as pessoas. A magistrada não pode acompanhar presencialmente, mas mandou um recado: “Sei que as pessoas serão bem atendidas, terão respostas para as necessidades e poderão exercer sua cidadania”.
Quem concorda com isso é Adegregio Batista da Silva, que foi buscar os documentos, CPF e RG, dos filhos gêmeos, João Lucas e David Lucas, de sete anos de idade. O pai dos meninos agradeceu todos que organizaram o Projeto Cidadão na escola. “É uma coisa muito boa que veio aqui para essa escola, o Projeto Cidadão, por motivos de ser muito difícil de a gente ir para cidade tirar documento e hoje a oportunidade veio para nossa porta. Nós só temos muito a agradecer”, comentou Silva.
Parcerias
Entre as instituições que apoiaram o TJAC na promoção desta edição estão: o Tribunal do Trabalho da 14ª Região (TRT14), Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), Defensoria Pública do Estado do Acre (DPE/AC), Ministério do Trabalho e Previdência, Polícia Militar do Acre, Polícia Civil do Acre, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), INSS, Ministério da Cidadania, Governo do Estado do Acre e Secretaria de Estado de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas para Mulheres (SEASDHM).
Além disso, essa série de realização do Projeto Cidadão em comunidades indígenas, ribeirinhas, áreas rurais pelo interior do Estado são possíveis graças ao Convênio Plataforma +Brasil n.°902/2020, firmado entre o Judiciário e o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A diretora Lucicleia Lima da Costa, há 17 anos respondendo pela escola que sediou o Projeto Cidadão na data, mobilizou carro para buscar os pais dos seus alunos e com seu trabalho contribuiu com a ação humanitária. “Estou na comunidade há muitos anos e desde que estou nessa escola que a comunidade tem um sonho de um Projeto Cidadão pela dificuldade que as pessoas têm em ir na cidade, muitos têm muitas crianças, a passagem é cara e a dificuldade de informação. E vindo atender aqui só nos engrandece, só ficamos felizes por vermos tantas pessoas sendo beneficiadas”, disse a diretora.
Quem também fez questão de se envolver foi a merendeira Guiomar Figueiredo da Silva, há 17 anos trabalhando na escola. Logo no início as pessoas a procuravam para perguntar sobre os serviços, e ela deu as informações, apesar de afirmar: “Não sei muito explicar essas coisas, mas vi o homem com a identidade toda borrada e disse para ele ir na quadra buscar fazer uma nova, só quis ajudar”.
Mas, Guiomar não foi exceção, a equipe inteira da escola estava lá, auxiliando. A cuidadora Maria Senhorinha cumpriu a missão trabalhando e foi buscar a filha, Ana Késsia de 7 anos de idade para tirar documentos. A menina levou até papel com a cola do próprio nome para não errar nada e sair tudo certinho.
Oportunidade
O Projeto Cidadão na manhã da quinta-feira foi mais uma vez oportunidade para as famílias buscarem exercer sua cidadania, tirando documentos, conversando com equipes de órgãos jurídicos, tendo acesso a vacinas, podendo conversar e tirar dúvidas sobre questões previdenciárias e acessar benefícios sociais.
Entre as famílias atendidas estava a de Jumaiane Barroso do Nascimento, que foi com marido filho e a caçula, Manu, que perambulou por toda a escola, correndo com seus cachinhos loiros balançando. A família dela, assim como a de Antônio Barroso e da Antônia da Silva Moraes buscaram nessa edição oportunidades de exercerem sua cidadania, tendo acesso a serviços básicos mais perto de casa.