A palestra inaugural reuniu mais de 160 estudantes e ocorreu na Escola José Ribamar Batista. As atividades começaram nesta segunda-feira, 9, e se estenderão até novembro
Nesta segunda-feira, 9, o Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), por meio da Coordenadoria Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv), avançou no combate a violência contra à mulher. Relançado com novo nome, parceiros e formato, o programa “Conscientização pela Paz no Lar” iniciou seu cronograma nas escolas públicas de Rio Branco.
A palestra inaugural, que reuniu mais de 160 estudantes, ocorreu na Escola Estadual José Ribamar Batista, situada na região da Baixada da Sobral da capital acreana. A ação educativa teve como objetivo informar aos jovens, principalmente as meninas e mulheres, sobre o crime de importunação sexual, como reconhecer e denunciá-lo. Além disso, o programa aborda as diversas violências impostas à mulher, como o abuso sexual, patrimonial, moral, psicológico e físico.
A mediadora e integrante da Comsiv, Isnailda Gondim, falou da escolha das escolas participantes. “As escolas selecionadas foram indicadas pela Secretaria Estadual de Educação com os demais parceiros. O Observatório de Violência de Gênero do Ministério Público do Acre constatou que esses bairros (onde estão as escolas) são locais que há o maior índice de violência doméstica”, disse.
Além disso, Isnailda Gondim enfatizou o intuito do programa “Conscientização pela Paz no Lar”. “É levar conhecimento sobre a Lei Maria da Penha, sobre o que é uma relação abusiva. É ter a certeza de que os estudantes sairão daqui diferentes, com pensamento diferente, e serão multiplicadores da cultura da paz e de não a violência contra a mulher”, afirmou.
A iniciativa também contou com a colaboração da presidente do Fórum Permanente de Educação Étnico-Racial do Acre (FPEER-AC), Gorethe Pinto, que destacou a violência contra as mulheres pretas. “Segundo o Ministério Público do Estado, 86% das mulheres que são vítimas de feminicídio ou que sofrem violência doméstica são mulheres negras, periféricas, que muitas vezes ou na maioria das vezes não conseguem sair do ciclo da violência, principalmente por questões financeiras. A gente vem fazer esse recorte e mostrar que o racismo também influencia na morte dessas mulheres”, frisou.
O professor de matemática, Júlio Giordan, considera a ação educacional necessária para todos, especialmente para os homens. “Acho bem interessante, porque a maioria dos estudantes do colégio são homens e os professores também são homens. É importante nós entendermos que a mulher não é um objeto, que ele tem posse. A mulher é um ser com necessidades. Então é importante eles (alunas e alunos) saberem que isso (violência contra a mulher) está acontecendo perto deles ou próximo a eles. Saberem o que fazer e como se portar em uma situação dessa é essencial”, afirmou.
A estudante do 1° ano do Ensino Médio, Débora Costa, julga a iniciativa essencial, pois só conhecia o assunto por notícias nos jornais, mas nunca havia participado de uma palestra sobre o tema. “Acho que foi importante para sabermos mais sobre os crimes contra a mulher. Acho fundamental tratar essa questão na escola”, finalizou.
Além das orientações, os estudantes participantes receberam, durante a palestra, o material educativo da campanha ‘Respeite Meu Espaço’, nele consta informações sobre o crime de importunação sexual, a importância da denúncia e comportamentos, possivelmente, imprudentes ou criminosos.
As atividades do programa “Conscientização pela Paz no Lar” se estenderão até novembro, com a campanha “16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência”, quando serão selecionadas as melhores redações que terão como tema “Estratégias para Quebrar o Ciclo da Violência Doméstica”.
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