Mulheres privadas de liberdade abraçam filhos em reencontro antes do Natal

O projeto tem a função de promover um apoio material e acolhimento afetivo das crianças e dos adolescentes, filhos de mãe encarceradas

Cada família tem o entendimento do que é o Natal. Não se pode ter um modelo ou uma fórmula padrão para o regime de convivência, mas sim, levar em consideração que cada família é única e que deve ser prevalecido o melhor para as crianças e os adolescentes.  E foi nessa premissa que o Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), por meio da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ), realizou mais um projeto Abraçando Filhos, sendo esta a edição de Natal, que aconteceu nesta segunda-feira, 18.

A iniciativa é inspirada no “Amparando Filhos”, criado pelo Tribunal de Justiça de Goiás, e no TJAC acontece desde 2016. O projeto tem a função de promover um apoio material e acolhimento afetivo das crianças e dos adolescentes, filhos de mãe encarceradas, e hoje 25 delas, que cumprem pena na Unidade Feminina Prisional de Rio Branco, foram trazidas ao átrio da sede do tribunal para um momento de amor com suas filhas e filhos. 

As famílias foram recepcionadas pela presidente do TJAC, desembargadora Regina Ferrari; pela coordenadora da Infância e Juventude do TJAC, desembargadora Waldirene Cordeiro; pelo supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, desembargador Francisco Djalma, pela juíza de Direito Andrea Brito; titular da Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas (Vepma); além do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), Luiz Gonzaga; e pelo presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC), Alexandre Nascimento.

Durante o evento, a desembargadora-presidente, Regina Ferrari, aponta que o projeto é um momento simbólico, proporcionando momentos preciosos de afeto, cuidado e atenção, essenciais para o desenvolvimento saudável, emocional e psicológico dos seus filhos.

“O projeto é um momento para vocês, mães, para nesse reencontro, com seus filhos, reencontrem também força, esperança, determinação para cumprirem suas penas e saírem de lá com toda a energia em busca de uma vida digna juntos aos seus, que seja um momento de muito amor e felicidade entre vocês, mães e filhos, para encontrarem no amor todas as respostas para caminharem junto da melhor maneira,” finaliza a presidente Regina Ferrari.

A coordenadora da CIJ, desembargadora Waldirene Cordeiro disse que o Tribunal de Justiça volta seu olhar, seu zelo e cuidado para as crianças. “Que elas (mães) possam também refletir o quanto é importante estarem ao lado de seus filhos e o quanto é necessário elas se esforçarem ao sair das unidades prisionais, para contribuírem com seus filhos buscando a reestruturação familiar”, disse.

O coordenador do GMF, desembargador Francisco Djalma, destacou que o projeto contribui muito na ressocialização. “A gente acredita que nesse laço de amor em um ambiente diferente elas possam realmente não cometer a reincidência, que elas possam trilhar outro caminho”, destacou.

Emoção

Além dos filhos e filhas, as mães das encarceradas e outros familiares que trouxeram as crianças, já estavam emocionados por causa do tempo que estavam sem vê-las, e com a época do Natal se aproximando, era um momento sem explicação.

Algumas mães chegaram do interior do município de Brasiléia, distante 232 quilômetros de Rio Branco. A A mãe V.F.O, que reencontrou seus quatro filhos e uma filha, disse que não falava com eles há 10 meses e que esse reencontro era emocionante, “está aqui é Deus me mostrando a oportunidade mais maravilhosa que tenho na minha vida de ter minha família. Minha mãe é uma mulher guerreira, trabalhadeira, sofredora que passou muita coisa quando estava usando droga. E hoje Deus me libertou e me transformou totalmente.” As conversas e abraços entre mães e filhos, emocionaram a todas e todos que estavam presentes.

Alexandre Nascimento, presidente do IAPEN, afirma que: “a parceria com o TJAC é de fundamental importância. Esse evento é necessário para nós que prezamos pela ressocialização, aproximação e aproximação com o familiar. É um dos nossos principais pilares dentro desse contexto de gestão a qual estamos implementando, ” conclui Nascimento.

O presidente da Aleac, deputado Luiz Gonzaga, enfatiza que essa atividade social do TJAC traz a sensação de alegria, “quero parabenizar a desembargadora-presidente, Regina Ferrari, por esse momento especial dedicado as mães reencontrando seus filhos, filhas e mães. É emocionante ver a alegria nesses olhos. É de uma dimensão muito grande,” conclui Gonzaga.

Família Acolhedora

O programa “Família Acolhedora” é outro programa desenvolvido pela prefeitura de Rio Branco, em parceria com o Tribunal de Justiça do Acre (TJAC). O intuito é abrigar voluntariamente, por período provisório, crianças e adolescentes por até 18 meses. Em Rio Branco, é oferecido uma bolsa-auxílio de um salário mínimo, para os cuidados necessários do infante.

O coordenador do serviço de acolhimento familiar da Prefeitura de Rio Branco (PMRB), Crispim Machado, destaca que o programa até o momento tem nove crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade sob cuidados de outras famílias, “auxiliando e levando para famílias bem capacitadas e cadastradas no sistema de acolhimento,” Para ele, a probabilidade da criança ou adolescente retornar a sua família de origem é muito grande.

Texto: Claudio Angelim - estagiário sob supervisão / Fotos: Elisson Magalhães | Comunicação TJAC

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