Atendimentos de emissão de documentação para as famílias que tiveram que sair de casas por causa das cheias dos rios e igarapés em Rio Branco ocorre nesta quinta e sexta-feira, 7 e 8
No dia 23 de fevereiro deste ano, às 18h, o Rio Acre ultrapassou a cota de transbordo, marcando 14,04 metros. Com a subida das águas dos rios e igarapés, famílias começaram a ter as casas atingidas e precisaram de abrigo, que foi montado no Parque de Exposições em Rio Branco. Quando as águas entram nas casas, pessoas perdem móveis, pertences pessoais e documentos. Para auxiliar nesse momento, o Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) promove o “Projeto Mulher Cidadã”, nesta quinta e sexta-feira, 7 e 8, com a emissão de documentação para as pessoas acolhidas no local.
A edição especial do Projeto Cidadão, também é em homenagem ao Dia Internacional da Mulher e é possível retirar a Certidão de Nascimento, Título de Eleitor, RG, CPF, receber atendimentos jurídicos da Defensoria e acessar todos os serviços digitais da Oca Móvel. As pessoas abrigadas só precisavam ir até o local, um pátio no Parque de Exposições onde as instituições parceiras, Defensoria Pública, Cartórios de Rio Branco, Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE/AC), Polícia Civil, Instituto de Identificação, Oca Móvel e Receita Federal realizavam os atendimentos.
Os serviços foram prestados para pessoas que perderam a documentação com a inundação e também outras que precisavam regularizar a situação e não tinham condições de arcar com as taxas ou ter todos esses serviços juntos em um ambiente só. Conforme informações da Prefeitura de Rio Branco, responsável por coordenar o abrigo, nesta quinta, 7, tem 3.552 pessoas no Parque, número que pode aumentar ou diminuir, dependendo do nível das águas. Nesses 14 dias a maior medição foi de 17,89 metros, na quarta-feira, 6, três metros acima do alerta. Mas, felizmente, as águas estão baixando.
Raiane Silva dos Santos, 30 anos, mora no bairro 6 de Agosto, está no abrigo há quatro dias, porque acharam um jacaré em frente ao seu quintal e as águas estavam entrando na sua casa no Beco São Domingo. Ela teve que sair e no percurso de transportar as coisas para fora, a canoa virou e perdeu rack, cama, celular e documentos. Ela conta que teve sorte porque fez um tapume alto e conseguiu erguer a geladeira nova que ganhou no ano passado após a última inundação, que estragou o eletrodoméstico velho. Apesar de estar feliz por não ter perdido a geladeira este ano, Raiane conta que não vê a hora e retornar para casa, “estou com saudades até das vizinhas que vivem reclamando”, disse.
Ela buscou o atendimento no Projeto Mulher Cidadã para tirar a Identidade e o Registro de Nascimento que perdeu quando a canoa virou. Para Raiane, que é mãe de quatro filhos, três meninos e uma menina, que convive com um problema de saúde, a epilepsia, os atendimentos foram bons, mas ela alertou ser preciso respeitar a natureza para evitar essas situações de emergência: “A gente ia precisar tirar todos os documentos de novo em outros cantos e o atendimento tá sendo bom. A gente tem dificuldades sim na vida. A gente tá sofrendo assim porque a gente polui o meio ambiente, a gente destrói a natureza, a gente não cuida. Eu perdi um monte de coisas, meus móveis, mas sou grata a Deus por estar viva, por acordar todo dia”.
Outra que procurou os serviços nesta quinta-feira foi Lazará Coelho de Lima, de 44 anos. Ela mora de aluguel do Bairro 15, foi para o abrigo há oito dias junto com o marido, Isailton e as duas filhas gêmeas, Isadora e Isabelle. Ela foi retirar o Título de Eleitor. “Eu tô achando bom, não tem o que dizer, tá sendo bom”.
Durante a manhã de atendimentos a desembargadora Eva Evangelista, coordenadora do Projeto Cidadão, visitou o local e conversou com as pessoas e famílias, acompanhada do presidente do TRE/AC Júnior Alberto. Para a magistrada amparar essas famílias é papel do poder público e o Tribunal de Justiça e os órgãos públicos estão empenhados nisso.
“O Projeto ‘Mulher Cidadã’ foi idealizado pela nossa presidente do Tribunal de Justiça, a desembargadora Regina Ferrari, desde o ano passado. E digo que neste momento de angústia, de aflição das famílias, da perda de documentos é essencial esse atendimento, porque essas pessoas precisam destes serviços. Eu vejo os órgãos, as instituições todas reunidas e isso é uma satisfação grande, porque todos estão voltados para o mesmo objetivo que é o atendimento e o serviço”, comentou a magistrada.
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