Ao ter acesso à cursos profissionalizantes, os reeducandos saem com um certificado e novas capacidades desenvolvidas
A fábrica de instrumentos musicais do Instituto Penitenciário do Acre (Iapen) funciona no Pólo Moveleiro de Rio Branco. Nesta terça-feira, 28, o local estava preparado para receber a equipe do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) e do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Tribunal de Justiça de Rondônia (GMF/TJRO), que está em visita técnica para conhecer práticas de ressocialização desenvolvidas no Acre.
Quadros, objetos de marcenaria, móveis e utensílios estavam expostos. Materiais que foram produzidos recentemente pelos reeducandos. A matéria-prima são madeiras apreendidas pelo Ibama e Icmbio. Já a fábrica de instrumentos musicais foi construída com recursos provenientes das penas pecuniárias do TJAC.
O primeiro a falar com a comitiva foi o policial penal Da Mata, que é filho de marceneiro e, por isso descreve com brilho nos o valor do ofício, que alia educação à reintegração social. “Nós estamos na condição de poder ajudar o próximo. Não é apenas o Poder Judiciário, não é o Iapen, mas os empresários e outras iniciativas podem ser abertas para que esse trabalho alcance uma maior parcela de reeducandos. Mais pessoas que terão um novo rumo gera um retorno melhor para a sociedade”, afirmou.
Em seguida, o desembargador José Jorge Ribeiro da Luz propôs outras reflexões. “Quando pensamos em dignidade, temos uma pequena noção do que seja ela, enquanto nós a temos. Quando nós a perdemos, compreendemos de outra forma o que nós tínhamos e o que nós precisamos recuperar”, disse.
A titular da Vara de Execução Penal e Medidas Alternativas, juíza Andrea Brito, destacou que a população carcerária é um público vulnerável, que possui marcadores definidos, como a falta de formação escolar e profissional, deste modo ilustrou que a certificação é um dos novos rumos que estão sendo moldados à muitas mãos.
Em resposta um dos reeducandos agradeceu a oportunidade de remir a pena com o trabalho na marcenaria: “eu não sabia fazer nenhum móvel, hoje em dia sei fazer várias coisas através da oportunidade que eu tive de estar aqui hoje. Por isso eu agradeço à Deus e cada um de vocês por acreditar em nós. Estar aqui nos lembra a importância de querer coisas boas na vida e ter o pé no chão”.
Por fim, a presidente do TJAC, desembargadora Regina Ferrari dirigiu algumas palavras aos aprendizes que atuam na unidade. “O Iapen em cooperação com outros órgãos está humanizando o cumprimento da pena, assim todos podem cumprir uma justa pena com dignidade. Esse aprendizado durante o período do cárcere será útil para recomeçar a vida”, concluiu.
O momento de maior descontração foi quando os visitantes viram os artesanatos e o “Sons da Liberdade”. O policial penal Jardel Costa é músico há 23 anos e contou um pouco de sua história: “eu fiz o curso lutheria, que foi patrocinado pelo Criança Esperança. Sei construir instrumentos musicais, também fazer manutenção e restauração. Esse foi meu sustento antes de passar no concurso. Agora estou aqui com um novo propósito”. Em sua oficina tinha uma guitarra, que seus alunos mostram com orgulho e vários moldes de violão em produção.
Também participaram da agenda os assistentes técnico do CNJ/PNUD, Martinellis Oliveira e Rubia Evangelista, a assistente técnica do GMF/TJRO, Mayra Magalhães; o juiz Robson Aleixo; coordenadores e servidores do Iapen.