A comunicação no Judiciário precisa ser tratada de forma estratégica. Esse foi o foco do I Encontro Anual de Assessores de Comunicação dos Tribunais de Justiça do Brasil, realizado no dia 14 de novembro, no Palácio da Justiça, em São Paulo. O tema central foi Linguagem Simples, mas os desafios debatidos transcenderam a questão da acessibilidade comunicativa, abordando questões mais amplas da gestão no Judiciário.
Para os profissionais da comunicação presentes no evento, é fato que uma Justiça mais compreensível é uma Justiça mais acessível. O cidadão – o principal usuário do sistema judiciário – não tem a obrigação de conhecer os termos técnicos do mundo jurídico. Por isso, investir em uma comunicação clara e direta é uma necessidade, não apenas uma escolha.
No entanto, a importância de uma linguagem acessível vai além de criar textos simples ou produtos para redes sociais. Ela atravessa setores e práticas institucionais que, muitas vezes, ainda não reconhecem plenamente essa necessidade como parte do dever de garantir acesso à Justiça.
A linguagem simples é uma reparação histórica para os profissionais de comunicação que podem exercer sua função social de forma objetiva. Mesmo para os setores de Comunicação, que já trabalham e buscam aprimorar o uso de linguagem simples no Judiciário, existem outros desafios que precisam ser enfrentados.
Um ponto importante levantado no encontro foi a necessidade de fortalecer as redes de comunicação entre os tribunais, enxergando a comunicação como parte estratégica do Judiciário. A visão de que as assessorias de comunicação servem apenas para reagir a crises deve ser deixada para trás.
A comunicação precisa ser integrada ao planejamento das ações judiciais e administrativas, ajudando a construir políticas públicas mais acessíveis e ações que dialoguem de maneira efetiva com a sociedade.
O desafio apresentado no encontro é direto: a comunicação estratégica não deve ser atribuição exclusiva dos profissionais da área, mas algo compreendido por todos os setores do Judiciário, especialmente pela alta administração. Reconhecer a importância desse trabalho é fundamental para que o sistema se modernize e avance.
Linguagem simples é apenas o começo. Quando tratada como aliada da gestão, a comunicação pode transformar o Judiciário, ajudando-o a se conectar melhor com a sociedade. Afinal, a Justiça só será plenamente eficaz quando, além de cumprir seu papel, também conseguir se fazer entender e atender às necessidades do cidadão.
O primeiro encontro, que reuniu profissionais de todo o país, é simbólico, reforça essa necessidade e marca o início de uma rede que deve ser fortalecida. Essa rede busca ser uma voz técnica e profissional ativa, deixando de lado as “receitas prontas” de quem não tem a formação adequada, valorizando o trabalho dos especialistas que lidam com os desafios diários do setor.
O Judiciário precisa abraçar a comunicação como um pilar essencial. É hora de transformar discursos em práticas, ações isoladas em estratégias conjuntas, e desafios em oportunidades de crescimento e impacto positivo. A comunicação estratégica no Judiciário não é apenas uma meta, mas uma necessidade urgente.
*Andréa Zílio é formada em Comunicação Social, pós-graduada em Assessoria de Imprensa e atua na função de Diretora de Informação Institucional do Poder Judiciário do Estado do Acre