Todos devem participar ativamente na promoção de um ambiente seguro e inclusivo, para a construção de uma cultura de paz
Neste dia 6 de novembro, comemora-se o aniversário da Lei n° 13.185/2015, que criou o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (bullying) em todo o território nacional. A lei busca prevenir e combater o bullying nas escolas e promover um ambiente educacional mais seguro e acolhedor.
A Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) incorporou o tema em ações educativas, por meio do projeto “ECA na Comunidade: Direitos e Deveres”. Recentemente, foi realizada uma atividade no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), localizado na rua Benjamim Constant, Centro da capital acreana.
Participaram 225 estudantes dos turnos matutino e vespertino. Após a palestra, a pedagoga da 2ª Vara da Infância e Juventude de Rio Branco, Alessandra Pinheiro, ouviu depoimentos dos estudantes. Um relato significativo foi o de Francisco Natan, um jovem de 20 anos e aluno do 3º módulo do Ceja.
“Eu sofri bullying a minha vida escolar inteira e quando eu não estava sofrendo bullying verbal – sendo que eu já cheguei a sofrer bullying físico no 3º ano – eu sofria com isolamento. Sabe por quê? Eu fui diagnosticado, meu primeiro laudo foi de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), mas a escola não estava preparada para esse laudo e me tratavam como aluno desordeiro comum, ou seja, eles me repreendiam. Os professores tinham ‘birra’ comigo. Eles descontavam a frustação deles em mim. Eu sempre era o culpado de tudo e eu nunca tinha voz de nada, porque eu era sempre o errado.
Depois de tudo isso, aos 19 anos, obtive o laudo de autismo. Eu penso que se eu tivesse esse laudo mais cedo, teriam tido alguma base para reconhecer a minha situação. Quando penso nisso, valorizo que mesmo tendo sofrido bullying a minha vida inteira, nunca tive uma reação agressiva. Então, quero utilizar toda a minha experiência negativa, de como superei isso com resiliência, para inspirar outras pessoas. Pretendo escrever um livro de autobiografia, com os meus conselhos para quem vive situações parecidas com as minhas”.
O “ECA na Comunidade” atua na prevenção e combate ao bullying, uma vez que a identificação do problema, discussão e a democratização de informações constituem um caminho para a promoção da cidadania, o aumento da capacidade empática e o respeito a terceiros, nos marcos de uma cultura de paz e tolerância mútua.
É preciso combater todos os tipos de violência, com ênfase nas práticas recorrentes de intimidação sistemática, ou constrangimento físico e psicológico, cometidas por alunas e alunos, professoras e professores, bem como outros profissionais integrantes de escola e da comunidade escolar.