Projeto visa promover a ressocialização por meio do trabalho e da dignidade para pessoas em cumprimento de pena. Ainda serão inauguradas mais duas fábricas dentro de unidade prisional em Cruzeiro do Sul e Rio Branco
Placas de borracha, tintas sublimáticas, tiras e nove máquinas quadradas vermelhas são alguns dos materiais utilizados na produção de chinelos na fábrica, dentro da Unidade Prisional de Senador Guiomard, inaugurada nesta segunda-feira, 11, pelo Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) e Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen). Contudo, mais que calçados com esses insumos, se espera produzir esperança nos reeducandos, contribuindo com a ressocialização deles.
O nome do projeto condiz com essa intenção, se chama “Sandálias da esperança” e é uma iniciativa do Judiciário do Acre por meio do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo (GMF), com a execução do Iapen. Para a aquisição dos equipamentos, foi articulado pela administração do TJAC, emenda parlamentar de R$ 305 mil do então deputado Flaviano Melo e a disponibilização de 70 mil de recurso próprio da Justiça para compra de matéria-prima para fabricação dos itens.
Com os recursos foram compradas 27 máquinas, sendo distribuídas em três unidades prisionais: esta em Senador Guiomard, outras nove para Cruzeiro do Sul e o restante será para Rio Branco. Tudo isso com objetivo de colaborar com a reintegração social das pessoas que estão cumprindo pena.
Garantir opções de reinserção com trabalho, ensino e dignidade é uma diretriz que envolve a Justiça, Estado, Executivo e outros atores, tanto que estavam presentes hoje: a presidente do TJAC, Regina Ferrari, o supervisor do GMF, Francisco Djalma, a desembargadora Waldirene Cordeiro, o juiz titular da Comarca, Romário Faria, a procuradora-geral adjunta, Rita de Cássia, e o promotor Rodrigo Curti, ambos do Ministério Público, o defensor público Eufrasio Moraes, o diretor do Iapen, Marcos Frank, que também estava representando o governador, o diretor da unidade do Senador Guiomard, Maycon Mendonça, o servidor Álvaro Mendes, da secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, e Francisco Calixto em nome do ex-deputado Flaviano Melo.
Transformação de vida
A presidente do TJAC, desembargadora Regina Ferrari, expôs que, com essa fábrica, é possível proporcionar a ressocialização e também estimular que os reeducandos tenham esperança: “Com grande alegria que estamos aqui. Acreditamos que no potencial humano. Assim nós colocamos esperança no coração daquele que está aqui a cumprir a pena e logo retornará para o convívio da sociedade. Aqui só temos que agradecer a todos que contribuíram com esse grande projeto que é as Sandálias da Esperança”.
O supervisor do GMF destacou o esforço de todos para concretização do projeto. Segundo informou o magistrado, o trabalho iniciou quando ele esteve à frente do TJAC, depois seguiu pela gestão da desembargadora Waldirene e foi efetivado agora na administração da desembargadora Regina Ferrari. “Iniciativas como essa nos colocam o Estado como vanguarda. É uma estrutura que está voltada ao processo de ressocialização. E que os senhores, reeducandos que aqui estão possam aproveitar a oportunidade”, comentou Djalma.
Já a procuradora-geral Adjunta do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), Rita de Cássia, destacou que esse projeto é histórico e um marco para transformações de vidas: “Como é marcante esse momento, não se trata só de geração de emprego e renda. Mas, é uma oportunidade de mudança de vida. O Tribunal de Justiça do Acre, o governo do Estado através do Iapen, com esse exemplo mostra seu compromisso com a ressocialização dos reeducandos. Tenho certeza que aqui não se produzirá apenas sandálias, mas também ressocialização, transformação de vida”.
O reeducando que irá trabalhar na fábrica no Quinari agradeceu a todas e todos que tornaram realidade o ambiente. Durante a cerimônia, ele foi convidado a entregar à presidente do TJ um par de sandálias. “É muita gratidão enorme e uma honra ter entregado para ela os chinelos, que é um grande fruto do meu trabalho. Estou muito feliz por trabalhar. Eu estou nesse lugar aqui, nunca desejei estar aqui, não desejo isso para ninguém, mas com essas oportunidades estou muito feliz e é muita gratidão”, comentou o reeducando.