Atividade comemora os três anos de atuação do programa “Presídios Leitores”, ação desenvolvida pelo Judiciário acreano em parceria a Ufac, Ifac, Iapen, a Secretaria de Educação e Academia Acreana de Letras
O Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), representado pela coordenadora do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF), juíza de Direito Andréa Brito, participou da solenidade de abertura da mostra fotográfica “Extensão e Pesquisa desde o Cárcere”. O evento ocorreu nesta sexta-feira, 20, na biblioteca da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco.
A atividade comemora os três anos de atuação do programa “Presídios Leitores”, ação desenvolvida pelo Judiciário acreano em parceria com a Ufac, o Instituto Federal do Acre (Ifac), o Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), a Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (SEE) e Academia Acreana de Letras (AAL).
A juíza de Direito Andrea Brito, coordenadora do GMF e titular da Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas (Vepma) da Comarca de Rio Branco, fez um pequeno contexto, onde destacou a importância do programa para a ressocialização dos reeducandos: “o Acre é uma tríplice fronteira, e isso nos coloca impactante como corredor do tráfico de drogas. O estado tem menos de um milhão de habitantes, com 51% da população na linha da pobreza e mais de 13% na linha da extrema pobreza. Uma baixa política de empregabilidade, de educação, de esporte, de cultura e de lazer. Então são pessoas que ocupam as prisões comumente são as que estão alijadas dessas políticas públicas, mas lá chegam a mão das organizações criminosas”.
“A atuação da leitura dentro do presídio é importante para que as pessoas possam progredir em suas penas. Esse programa é importante para a engrenagem do sistema prisional, mas para além dos dados, essa ação liberta mentes e constrói novos horizontes. Nós somos forjados das pessoas que atravessam as nossas vidas, então a aproximação das pessoas da academia com as pessoas que estão em algum momento respondendo por um crime, ela tem um valor muito significativo dentro da nossa cidadania. Esse programa é imprescindível, não é possível parar”, concluiu.
Um dos beneficiados na versão para monitorados de Rio Branco é Leandro Ramon França da Silva, que falou sobre a importância do projeto na sua vida e a gratidão pelas mudanças.
“Faz mais ou menos 5 anos que eu saí [da prisão] e abandonei o mundo do crime. E desde então, esse projeto ele tem sido importante na minha vida, pois ele me ajudou. Nesse ano eu já consegui um trabalho e já voltei a estudar. Esse projeto ali tem sido muito importante, não só para mim, mas para minha família também. Gostaria muito de estar vendo minha mãe aqui, ela não está presente hoje, mas eu tenho certeza que ela vai estar muito feliz. Estou muito feliz pela minha mudança. Pra mim é uma felicidade. Um milagre, na verdade. Eu estar de pé aqui hoje falando pra vocês, é um milagre. Pois não era nem pra mim estar vivo. Pra vocês terem uma ideia. Eu agradeço muito a Deus. Muito por tudo. Por tudo mesmo. E principalmente a equipe. A todos. Obrigado”.
A professora Maria José Moraes, ou simplesmente, Zeza Moraes, coordenadora do programa falou sobre a parceria com o Poder Judiciário do Acre e a relevância da iniciativa dentro do ambiente prisional.
“Essa exposição comemora três anos do Programa Presídios Leitores. O programa que trabalha com remissão de pena pela leitura nos presídios em quatro municípios, Cruzeiro do Sul, Rio Branco, Tarauacá e Cruzeiro do Sul. E é um programa que cuja parceria é fundamental. Essas instituições se dão as mãos por meio dos seus servidores que atuam voluntariamente e o programa está acontecendo. Hoje nós já temos mais de 500 leitores dentro dos presídios do Acre que trabalham auxiliados por uma equipe de mais de 100 pessoas”.
Programa Presídios Leitores
O programa “Presídio Leitores” criado para beneficiar reeducandos com atividades de leitura e educação, teve início no Complexo Penitenciário do Vale do Juruá. O programa hoje conta com uma equipe de cerca de 60 voluntários. Criando-se uma biblioteca prisional que contribui para a remição de mais de cinco mil dias de pena. Com o tempo, a iniciativa se espalhou por outras unidades prisionais do Estado.
O programa foi apontado entre os seis projetos de remição de pena pela leitura de todo o território nacional a serem apresentados no Encontro Nacional de Gestores de Leitura em Ambientes Prisionais que ocorreu na Biblioteca Nacional – Rio de Janeiro. A ação é auxiliada com recursos oriundos das Penas Pecuniárias, que são valores destinados e que beneficiam o aprendizado profissional de familiares, além da ressocialização das pessoas privadas de liberdade, em quase todos os municípios do Acre.