De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mais de 20 milhões de brasileiras sofreram alguma forma de violência durante o ano de 2024. “Se o estado brasileiro não assumir essa responsabilidade, nós vamos continuar assistindo a morte de milhares de mulheres”, comentou a conselheira Renata Gil.
O desembargador Nonato Maia, corregedor-geral da Justiça, participou na última quinta-feira, 13, juntamente com a supervisora do Núcleo Permanente de Justiça Restaurativa (NUJURES) do Tribunal de Justiça do Acre, desembargadora Waldirene Cordeiro, do Encontro Nacional da Alta Gestão do Sistema de Justiça e da Segurança Pública para a Proteção das Mulheres e Igualdade de Gênero, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Superior Tribunal Militar (STM).
O evento, realizado no auditório do STM, em Brasília, reuniu lideranças do Sistema de Justiça e representantes de políticas públicas voltadas às mulheres com o objetivo de promover o diálogo institucional, firmar compromissos, além de propor ações concretas para fortalecer a proteção às mulheres, combater a violência de gênero e ampliar a participação feminina nas instituições.
O corregedor-geral da Justiça destacou que a atividade serviu como um momento de grande relevância para a troca de experiências entre mulheres que participam das gestões de setores públicos, que puderam expor as dificuldades, conquistas e preconceitos que enfrentaram ao longo de suas trajetórias profissionais. “São exemplos de mulheres que venceram as adversidades e que hoje ocupam postos de significativa relevância no cenário nacional”, comentou Nonato Maia.


Durante o encontro, a conselheira do CNJ Renata Gil realizou a apresentação dos dados da pesquisa mais recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O estudo foi publicado em fevereiro de 2025, tendo como base o ano de 2024. Os dados apontam que 21, milhões de mulheres foram vítimas de todos os tipos de violência no Brasil no ano passado.
A conselheira do CNJ também registrou que, muitas vezes, as agressões ocorrem na presença da família, dos filhos, atingindo – e adoecendo – todo o ente familiar, sendo, portanto, imperativa a intervenção do Estado para fazer cessar todas as formas de violência contra a mulher, incluindo a mais nefasta delas: o feminicídio, considerado crime hediondo pela legislação brasileira.

“Essa violência acontece até mesmo na frente dos filhos. Precisamos de uma ressignificação das nossas polícias, dos estados. Sei que é muito difícil, mas se o estado brasileiro não assumir essa responsabilidade, nós vamos continuar assistindo a morte de milhares de mulheres (todos os anos)”, afirmou a conselheira Renata Gil.
Também a ministra Maria Elizabeth Rocha, a primeira mulher a assumir a presidência do Superior Tribunal Militar em seus 208 anos de existência, ressaltou que o encontro se constituiu em um momento histórico, que evidenciou “o compromisso do Poder Judiciário como um todo na construção de um sistema de justiça mais acessível, eficiente e comprometido com a dignidade de todas as mulheres, trans, brancas, amarelas ou negras, mulheres da terra e das águas”
Com informações da Agência CNJ de Notícias