Em 2020, o Acre foi apontado pelo Monitor da Violência como o estado que possui maior taxa de feminicídio do país
O Juízo da 1ª Vara Criminal de Cruzeiro do Sul pronunciou o homem denunciado pela tentativa de feminicídio, ocorrida em janeiro deste ano na Vila Santa Luzia, zona rural do município. A decisão publicada na edição n° 6.661 do Diário da Justiça Eletrônico (pág. 55), determinou que ele irá a júri popular.
A vítima sobreviveu devido à intervenção de terceiros. O réu confessou o crime, no entanto afirma que sua intenção não era matar sua ex-companheira. Em seu depoimento, narrou que estava sob efeitos de bebida alcoólica e ocorreu apenas lesão corporal, delito que possui como sanção uma pena menor: “ela pegou três furadas, só cortou. Se fosse pra matar, eu fazia quando tivesse só ela e eu”.
Porém, a versão da vítima e testemunhas são unânimes quanto ao propósito do feminicídio. Uma vez que ele apareceu onde a mulher estava – sentada em um banco com sua amiga na frente da casa – ele a chamou e ela não atendeu. Com a recusa, ele foi embora e retornou com uma faca. Ela tentou fugir, quando tropeçou e caiu, ele desferiu três golpes com a arma branca em suas costas. A ação violenta não teve continuidade, porque um vizinho o acertou com uma enxada.
De acordo com os autos, o réu e a vítima moraram juntos por quatro anos, mas estão separados há dois. O Ministério Público do Acre denunciou o homem por tentativa de homícidio qualificado, sendo as qualificadoras: motivo torpe e emprego de recurso que dificultou a defesa da ofendida.
O pronunciado está preso cautelarmente e a juíza de Direito Adamarcia Machado manteve o recolhimento em unidade prisional até o julgamento para garantir a ordem pública, pois a comunidade segue abalada com a repercussão desse caso de violência doméstica, “devendo preponderar os interesses coletivos”.