Prédio público mais antigo do Acre, o lugar ganhou obra de revitalização, prioridade da atual administração do Tribunal de Justiça, e encanta moradores com decoração especial de Natal
No alto da cidade, com uma vista privilegiada, o Centro Cultural do Juruá abriga história e valores que constroem a trajetória do Poder Judiciário no Acre. O prédio público mais antigo do estado, que começou a ser construído em 1904, após a assinatura da Ata de Fundação da cidade de Cruzeiro do Sul, e concluído em 1909, foi todo revitalizado e apresentado pela administração do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) na noite de quinta-feira, 1º de dezembro, com uma especial decoração natalina, fechando as atividades da Semana do Judiciário no Juruá.
O prédio que conta grande parte da história da Justiça no Estado, abrigou cartórios, Tribunal do Júri e funcionou como Tribunal de Apelação entre 1913 e 1917. A atual gestão, presidida pela desembargadora Waldirene Cordeiro, vice-presidente desembargador Roberto Barros, e corregedor-geral da Justiça, desembargador Elcio Mendes, colocou em suas prioridades a revitalização do lugar.
O Casarão abriu suas portas e janelas para receber convidados e a população depois de 60 dias de obra. Com muito capricho e cuidado, o lugar foi preparado para retomar as visitas. A decoração natalina foi um presente dado à população, que certamente terá no espaço todo iluminado um ponto turístico para fotos neste fim de ano.
Durante a entrega da revitalização, quem abrilhantou ainda mais a celebração foi o Conservatório Musical do Juruá e a banda Garotos do Sótão, com a Cantada de Natal, emocionando a todas e todos que prestigiaram esse momento histórico.
A presidente do TJAC, desembargadora Waldirene Cordeiro, bastante emocionada, falou da satisfação em entregar à sociedade de Cruzeiro do Sul o espaço todo revitalizado. “Nesse ensolarado entardecer amazônico, nossos corações transbordam de alegria e satisfação por termos a honra de inaugurar a obra de revitalização do Centro Cultural desse próspero município que é Cruzeiro do Sul. Quando assumimos a gestão do Tribunal de Justiça, eu, o desembargador Roberto e Elcio, tínhamos tantos sonhos e projetos a serem realizados e, dentre eles, se encaixava a revitalização dos nossos espaços de Cultura, assim como é o Centro Cultural do Juruá”.
A magistrada discorreu sobre o apoio do Estado para realização das obras nas comarcas e no espaço cultural da Justiça em Cruzeiro do Sul. Ela citou todo o empenho e dedicação da família do Judiciário em superar as dificuldades para avançar na prestação jurisdicional e atendimento das demandas sociais do Acre.
“A tarefa parecia muito difícil, pois estávamos saindo de um período pandêmico. Contudo, todos nós, as 1780 servidoras e servidores do Poder Judiciário do Acre, as 66 magistradas e magistrados, incluindo 1º e 2º Grau, conseguimos realizar os projetos sonhados, almejados e lutados. Nesse propósito estabelecemos muitas tratativas com o governo do Estado, com parlamentares federais e estaduais. Além disso, elaboramos estratégias internas de contingenciamentos. Muitos foram os não recebidos, mas tínhamos um propósito, economizar os parcos recursos existentes e focar nas demandas mais urgentes e essenciais para continuarmos o nosso trabalho. E o resultado de todo o esforço da Administração e do corpo do Poder Judiciário acreano chegou. Tivemos condição de reformar as comarcas do Vale do Juruá, alcançando ainda diversas comarcas do Alto Acre. E para encerrar essa trajetória no Vale do Juruá, estamos comemorando a revitalização do Centro Cultural, um espaço que tem um significado indelével para família Judiciário, para população cruzeirense e acreana”.
A entrega da revitalização do Centro Cultural marcou o fechamento das atividades da Semana do Judiciário no Juruá, com a presença além da administração, também dos desembargadores Eva Evangelista, Samuel Evangelista, Francisco Djalma, Regina Ferrari e Laudivon Nogueira. Mas, durante as ações jurisdicionais realizadas nos dias anteriores, a desembargadora Denise Bonfim e os desembargadores Júnior Alberto e Luiz Camolez participaram virtualmente dos atos.
A diretora do Foro da Comarca de Cruzeiro do Sul, a juíza de Direito, Evelin Bueno, estava presente na celebração junto aos magistrados Erik Farhat, Ivete Tabalipa, Marlon Machado e Adamarcia Machado.
O evento foi prestigiado ainda pelos procuradores de Justiça do Ministério Público Estadual, Celso Jerônimo e Rita de Cássia, pelo secretário de Infraestrutura, Cirleudo Lima, representando o governador Gladson Cameli, o prefeito de Cruzeiro do Sul, Zequinha Lima, a presidente da sub-seccional da OAB no Juruá, Ocilene Alencar, o coordenador do Conservatório Musical do Juruá, promotor de Justiça Iverson Bueno, do representante do 61° BIS, Anderson Bezerra, do delegado de Polícia Civil, Rômulo Carvalho, e do procurador geral do Município, Rafael Sanson.
História e memória
Considerado o prédio mais público mais antigo do Acre, por manter a mesma característica arquitetônica desde a sua fundação, o Centro Cultural do Juruá começou a ser erguido em 1904, com as presenças de Marechal Gregório Thaumaturgo de Azevedo e do primeiro juiz de Direito de Cruzeiro do Sul, Dr. Fernando Luis Vieira Ferreira.
O Casarão teve sua obra concluída em 1909. Foi sede da primeira Prefeitura (Intendência do Alto Juruá) e depois foi repassado ao Poder Judiciário, onde abrigou por décadas os cartórios e o Tribunal de Júri da Comarca. Neste local histórico da cidade, ainda funcionou o Tribunal de Apelação.
Até que em 13 de junho de 2001, o local tornou-se espaço cultural do Judiciário, por ocasião das comemorações pela autonomia do Estado e 38 anos de criação do Tribunal de Justiça do Acre. Transformando o antigo Fórum em repositório da história da Justiça e do município, denominado Centro Cultural do Juruá.
O local abriga acervo com livros, fotos, objetos e recebe centenas de visitantes todos os anos, entre os quais: turistas, estudantes, munícipes, autoridades e servidores da instituição. Jair Pequeno Santos é um desses, servidor da Vara da Infância de Cruzeiro do Sul, compareceu à cerimônia feliz pela valorização do espaço. “É de grande valia para a sociedade cruzeirense ter nesse momento os desembargadores fazendo esse trabalho presencial aqui e ainda nos presentearem com a revitalização do Centro Cultural”, disse Santos que também é artista plástico, compondo lindas obras em marchetaria. Seus trabalhos foram expostos nos ambientes da Cidade da Justiça durante a Semana do Judiciário no Juruá.
Clima natalino
Outro servidor do Judiciário contente com a entrega foi seu José Ramos da Silva, conhecido como Zé do Fórum, que trabalha na segurança do prédio. Após o evento finalizar, ele pegou seu celular e foi registrar o prédio todo iluminado com a decoração natalina. “Eu tenho uma emoção tão grande de ver o meu ambiente de trabalho todo nesse estado. Para mim é uma satisfação muito grande, porque a gente estava em uma situação muito precária e graças a Deus, a Administração e a toda a minha família Judiciária, hoje eu posso ver ele assim, todo novinho em folha”.
Emoção e agradecimento foram as palavras do momento, pois ao final, na voz do cantor Gustavo Matias, que encantou a todos e todas com a interpretação da música “Ave Maria”, a decoração natalina do prédio foi acesa.
A professora Maria Valdeci Paiva, chamada de Mariazinha, é vizinha do Centro Cultural e falou sobre como a revitalização garante a preservação da memória do Judiciário e também de sua própria história.
“O que eu mais desejava era que esse prédio não fosse destruído, porque meu pai ajudou na construção desse prédio e eu moro aqui perto e para mim isso aqui tudo é família. Eu estou muito emocionada porque eu quero que o Centro Cultural continue aqui para meus netos, meus bisnetos”, disse a professora que teve seu desejo atendido graças aos esforços da gestão do Tribunal de Justiça do Acre.
Fotos: Édson Fernandes, Marcos Santos, Andréa Zílio e Emanuelly Falqueto