Palestras do programa Conscientização Pela Paz no Lar beneficiaram cerca de 200 alunos da instituição de Ensino; alunos aprenderam sobre os diferentes tipos de violência contra a mulher e a identificar e romper relações abusivas, entre vários outros assuntos
Como parte da programação da campanha Agosto Lilás, a Coordenadoria das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv) promoveu, nessas terça e quarta-feira, 20 e 21, ações educativas e de sensibilização com alunos da Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves, no bairro Glória, em Rio Branco.
As atividades, que tiveram como facilitadora a estagiária de Psicologia Liliane Albuquerque, fazem parte do programa Conscientização Pela Paz no Lar, que é executado pela Comsiv, no âmbito do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), em parceria com escolas de rede pública de ensino. Também participou das ações a técnica judiciária do TJAC Keldiney de Sousa.
Dessa vez, cerca de 200 alunas e alunos das diferentes turmas da 1ª série do Ensino Médio da Instituição de Ensino foram beneficiados pela ação. A ideia é que os adolescentes possam levar aos seus respectivos lares as informações repassadas à comunidade estudantil, servindo, assim, como agentes multiplicadores de saberes.
As palestras tiveram a duração individual de 40 minutos. Liliane Albuquerque falou sobre a violência de gênero, na qual mulheres são agredidas pelo simples fato de serem do sexo feminino, bem como sobre a herança cultural do machismo, que faz com que muitos homens vejam a mulher como um mero objeto, desumanizando-a.
A estagiária de Psicologia da Comsiv deu especial atenção à chamada violência intergeracional, que faz com que modelos de comportamentos abusivos dos mais velhos sejam repetidos pelas gerações mais novas, como se fosse algo normal, reiterando, assim, violações contra as mulheres.
Foram abordados, ainda, temas como o feminismo enquanto movimento social para uma verdadeira mudança de paradigma na sociedade; a Lei Maria da Penha e os crimes de violência doméstica; as formas de violência doméstica e como reconhecer – e saber romper – precocemente relacionamentos abusivos; além dos motivos pelos quais mulheres permanecem em relações violentas, como, por exemplo, a dependência econômica, a preocupação com os filhos, o receio de denunciar o ofensor e o próprio medo de serem vítimas de feminicídio, caso decidam terminar a união.
Para o aluno Igor Leonardo, 15 anos, a atividade foi muito importante para que os estudantes conheçam mais sobre a realidade da violência de gênero, principalmente levando-se em conta os altos índices de feminicídios no Acre.
“Eu achei bem interessante, porque a violência contra a mulher ocorre com muita frequência aqui no Acre, né? É uma coisa que acontece no dia a dia, na vida das pessoas e nem sempre elas sabem lidar com isso, às vezes não sabem nem como fazer. Então, eu acho bem válido ela ter falado sobre esse tema”, disse.
Essa também é a opinião da Vitória Caroline, 16 anos, que considerou a ação fundamental para a conscientização dos jovens sobre a realidade crua sofrida por muitas mulheres no Acre.
“Esse tipo de violência, graças à Deus, nunca aconteceu comigo, mas a gente vê que acontece em outras casas, com outras mulheres… Eu penso que foi importante, porque tem pessoas que precisam saber dessas coisas, até mesmo pra saber se livrar de um relacionamento abusivo. É bem importante saber sobre isso”, comentou a estudante.
O assistente da Educação Especial Márcio Ramos fala que a atividade foi de grande relevância, levando-se em conta os altos índices de casos de violência doméstica e familiar no estado e a necessidade de realização de um trabalho de base para “a conscientização dos jovens, dos adolescentes, sobre a importância da defesa do sexo feminino, da precaução de todos esses pormenores que influenciam decisivamente na vida cotidiana dos casais no Brasil e, principalmente, aqui no Acre, onde há um histórico e um número expressivo de violência contra a mulher”.
“Então esse trabalho é fundamental para poder fazer uma mudança de paradigma a partir da conscientização das mulheres e também dos homens para que eles tenham uma conduta (…) de virtude com as mulheres, porque elas são maioria no mundo, são maioria no Brasil, maioria no Acre e o mundo é feminino. Então é necessário ter toda uma adequação e um tratamento de qualidade diante de um histórico, de certa forma, horrendo do tratamento com as mulheres. É um trabalho da base que gradualmente vai chegar à primazia, à melhoria total”, acrescentou.
A coordenadora pedagógica Núbia Maria também ressaltou o valor da atividade não somente para a comunidade estudantil, mas também para as famílias das alunos e alunos. Ela destacou, ainda, a importância das parcerias entre as instituições para que mais ações dessa natureza aconteçam.
“A palestra realizada com o tema ‘Violência contra a Mulher’ foi de extrema importância para nossa comunidade escolar, como educadores acreditamos que a conscientização e a informação é uma arma poderosa para nossos adolescentes. E a parceria dos órgãos públicos com as escolas é de suma importância para isso”, comentou a coordenadora pedagógica.
Concurso de redações
Ao final dos encontros, os estudantes das turmas de 1ª série do Ensino Médio da Escola Tancredo Neves foram instados a redigir redações com o tema “A Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e os Impactos Negativos na Sociedade”. Cada sala deverá selecionar o melhor trabalho. Em seguida, será escolhida a melhor redação entre as finalistas. A autora ou autor do texto vencedor receberá como premiação um tablet para auxiliar nos estudos.