Atividade realizada no Palácio da Justiça fez parte de agenda da Rede de Proteção à Mulher, conduzida pelo Poder Judiciário Acreano.
A vice-governadora do Acre, Nazareth Araújo, ministrou na tarde dessa segunda-feira (18) no Palácio da Justiça uma palestra sobre “Os desafios da mulher protagonista no século XXI”. O evento fez parte de agenda da Rede de Proteção à Mulher, conduzida pelo Poder Judiciário Acreano, e integrada por diversas instituições do Estado.
Coordenadora Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar, a desembargadora Eva Evangelista foi quem idealizou a atividade com a presença da vice-chefe do Poder Executivo Estadual, a qual também apresentou o “Projeto Mulher Cidadã”.
A decana da Corte de Justiça Acreana deu as boas vindas à facilitadora, ao passo que leu o seu currículo, e destacou a relevância do seu trabalho voltado à defesa da mulher, à ampliação do acesso aos direitos fundamentais, à igualdade social, e de oportunidades de ascensão profissional.
A palestra foi prestigiada por diretores e servidores do TJAC, secretárias de Estado, como Concita Maia (de Políticas para Mulheres), e Sawana Carvalho (de Gestão Administrativa); servidores municipais e estaduais; representantes da Defensoria Pública do Estado, advogados, e membros da Universidade Federal do Acre, além de integrantes da comunidade.
A palestra
Citando personalidades, como a paquistanesa Malala Yousafzai, e escritores, a exemplo de Clarice Lispector, Nazareth Araújo assinalou que o tema é obrigatório a todos os governos, sistemas de Justiça e instituições que estejam “pautados por uma sociedade mais justa, democrática e igualitária”.
“Esta é a luta por uma visão de sociedade igualitária. Equanimidade. Não significa dizer que a mulher seja igual ao homem em suas necessidades, muito pelo contrário, a equanimidade, o princípio da igualdade, significa dar a cada um de acordo com a sua necessidade para que mais à frente a gente possa ver as forças de equilíbrio dentro da sociedade.”
Parafraseando o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, a palestrante afirmou que a questão central do feminismo reside na igualdade entre as pessoas, pois quando ela existe os próprios indivíduos “são mais livres e podem mais”. A facilitadora considerou que “a luta das mulheres por uma igualdade de tratamento, por uma possibilidade igual à dos homens, em termos de educação, de capacitação para o trabalho, tem como foco também, além do seu próprio crescimento, o desenvolvimento da sociedade”.
Por várias vezes, a vice-governadora elogiou o Tribunal de Justiça Acreano, “pela sensibilidade em ir muito além do julgamento de processos, abraçando as causas sociais de interesse do Estado e dos cidadãos”.
Pontos estratégicos
Nazaré Araújo destacou dois pontos estratégicos em sua fala: o problema da sub-representação feminina na Política e a necessidade de erradicação das agressões praticadas contra as mulheres nas famílias e na sociedade, por meio de programas de conscientização e amplas discussões realizadas no âmbito dos municípios, dos estados e do país, bem como da comunidade internacional.
“Atualmente no Brasil das 513 deputadas e deputados do Congresso Nacional, apenas 51 são mulheres. Ou seja, em 80 anos (desde a eleição da primeira mulher eleita deputada federal, a paulista Carlota de Queirós, em 1934), nosso índice de participação, apesar de sermos mais de 50% da sociedade, é de apenas 9,94%. Por que será que isso acontece? Nós precisamos questionar”, ponderou.
Eva Evangelista ressaltou que a palestra foi uma verdadeira “imersão sobre o protagonismo e os problemas vividos pela mulher no século XXI”. “Os dados que nos foram apresentados são importantes para que possamos desenvolver ações no sentido de melhorarmos a vida de milhares de mulheres que são vítimas de violência e do feminicídio no nosso País”, asseverou.
Mulher Cidadã
A vice-chefe do Poder Executivo Estadual também fez breve explanação sobre o Projeto Mulher Cidadã, uma iniciativa do Governo do Acre. A ação é desenvolvida por ela junto com as secretarias estaduais e municipais, e outras instituições públicas, incluindo o próprio Tribunal de Justiça, a Defensoria Pública e prefeituras.
O projeto tem o intuito de levar serviços itinerantes nas áreas de saúde, justiça, cidadania, economia, e segurança pública aos moradores de todos os municípios do Estado, principalmente os que são de acesso difícil. A iniciativa atua com a política de promoção da igualdade de gênero, raça e etnia.
Ao final do encontro, Nazareth Araújo entregou à desembargadora Eva Evangelista um arranjo de flores, e uma lembrança com as cores do Acre, simbolizando o respeito e a harmonia das relações institucionais.
A decana da Corte de Justiça Acreana, por seu turno, agradeceu pelo gesto de cortesia, e frisou a relevância do encontro, que pugnou como “histórico e auspicioso”.